Hoje almocei com amigos e com amigos de amigos. Dizia um “amigo de um amigo”, que tinha entrado no eléctrico na Praça do Comércio, coisa que não fazia há anos, para ir passear a Belém. Tendo reparado que tinha de pagar 2,5€ de bilhete, em moedas, e não os tendo consigo, tentou falar com o motorista, que não lhe ligou. Continuou no seu passeio até Belém, sem pagar.
Na volta, não trocou dinheiro e fez o mesmo… não pagou. No fim, com o dinheiro “poupado” foi beber uma cerveja e comer uns caracóis…
No mesmo almoço, dizia um amigo meu que só comprava fruta portuguesa.
O exemplo do primeiro é um exemplo de esperteza saloia que grassa entre nós desde os descobrimentos… alguém fará umas caravelas que nos levarão de Belém ao Brasil, chegamos lá gamamos umas coisas e voltamos. Depois vamos beber umas cervejas com tremoços…
O segundo exemplo, por muito que o respeite, é também típico nosso. A preocupação em comprar o que é nosso é, não só legítima, como desejável. Mas o engraçado é que, no geral, só nos lembramos de comprar o que é nosso quando falamos de frutas e de legumes… talvez porque o resto esteja mais dissimulado em etiquetas com números estranhos…
Mas a verdade é que para comprarmos um produto de base tecnológica (desde um Mercedes a uma máquina de café estrangeira, com as respectivas pastilhas – o que, em casa de 2 pessoas que bebam, cada uma, 2 cafés por dia leva ao consumo de 500€ por ano), precisamos de vender toneladas de maçãs… 100 toneladas, no caso de um Mercedes baratinho…
Na compra de um produto interferem muitos factores. Entre eles estão a expectativa que colocamos na sua qualidade, a sensação de bem-estar que – esperamos - irá proporcionar aos nossos sentidos e, para quem liga a isso, no dizer a outros que comprámos esta marca (eventualmente na moda, se somos de modas, fora da moda se somos contra as modas) e não qualquer outra.
Neste momento, a compra de um produto português e não de um estrangeiro, poderá fazer toda a diferença ao futuro do país e, consequentemente, ao nosso. A compra de computadores Tsunami ou Insys, na vez de HP ou Compaq, a utilização das operadoras TMN ou Optimus na vez da Vodafone, dos bancos Caixa ou BCP, ou BPI ou BES… na vez de Santander ou Barclays… e por aí fora…
Não estou a criticar ninguém, que também não gosto dos computadores Insys. Estou só a desabafar… a tentar arranjar uma solução e, se ela não resultar, a pensar como raio é que me meto a mim daqui para fora…