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Em 1993, Kevin Carter fez, no Sudão, a foto que lhe viria a custar a vida. A opinião pública crucificou Kevin Carter, mas passados 18 anos sabe-se que a criança que parece estar prestes a ser atacada pelo abutre sobreviveu à fome e à guerra no Sudão.
A opinião pública apressou-se a julgar e a condenar sumariamente a alegada frieza com que teria agido Kevin Carter, considerando que o fotógrafo poderia, e deveria, ter feito alguma coisa para salvar a criança. O fotógrafo sucumbiu ao arrependimento e suicidou-se.
Então e a ligeireza dos que o condenaram sem sequer saberem o que tinha sucedido à criança?
Independentemente da ajuda que Kevin poderia ter prestado à criança, aqueles que o julgaram não quiseram saber do que tinha sucedido depois. A criança estava num campo de refugiados sob a alçada da ONU. Estava diagnosticada como gravemente subnutrida e estava num programa de tratamento. Sobreviveu.
Os portadores de más noticias não têm necessariamente de ser os responsáveis pelas más notícias… e mesmo aquilo que parece ser uma má notícia deve ser tratado como algo de temporário que há que seguir, não podendo estar apenas dependente da nossa imaginação.
Notícia do JN
8 comentários:
Sabes, queria e tentei comentar, mas a foto como a história em si não me deixa fluír o raciocínio... enfim.
Kiss
Olá Essência! Talvez não haja comentários a fazer aqui... foi tudo tão intenso, roubando espaço ao raciocínio, que poderá não haver nada a comentar...
Bj
Já tinha conhecimento desta história... só consigo dizer que subscrevo o último parágrafo...
Bom fds e carnaval*
Já conhecia a foto há algum tempo mas desconhecia a história associada. Por acaso ontem li que a criança morreu mais tarde mas na altura já teria 4 anos. Mais palavras para quê. O último parágrafo do post diz tudo. Bom domingo.
Olá Angel!
Bom carnaval!
Obrigado.
Olá Bichinha!
A criança acabou por morrer há 4 anos, em 2006. Terá morrido "de febres", segundo palavras do pai.
Boa semana. Bom Carnaval!
Julgamentos e opinião publica ... sempre associados, não é?
Conhecia a foto mas desconhecia a história do fotógrafo. Confesso que há determinadas fotos que me suscitam o mesmo tipo de pensamento " mas como é que se pode fotografar este momento, sem intervir??", normalmente fico-me por aí e tento iludir-me pensando que logo de seguida, alguém interveio e alterou a situação. Uma doida lunática, eu, porque todos sabemos que na maioria das vezes, será de todo impossível alterar-se aquele curso que parece ser o natural da situação.
Não acredito que se há alguém que tenha sensibilidade suficiente para registar um momento dramático, o faça só pelo dinheiro que vai pedir pela foto. Se mais não faz, é porque mais não pode fazer. Por muito que nos doa.
Olá Isa!
Como estás?
Eu costumo colocar todas as hipóteses. Não serve para nada se depois não souber qual a que corresponde ao decurso do acontecimento, mas coloco-as. O fotógrafo poderia ter ajudado depois que ninguém precisaria de saber. Ou não teria ajudado (e se calhar nem podia... fosse até porque precisava do atestado e tinha um avião para apanhar... ou tinha para fazer uma reportagem do presidente a banhos na Tailândia ;)...).
Ou a fotografia nem correspondia àquilo que parece. A criança pode-se ter baixado num momento de brincadeira e não de abandono ao fim. E pode ter alguém sentado próximo, que a foto não tem de mostrar isso... e o fotógrafo pode ter querido apenas chocar. Ou pode apenas ter querido fazer dinheiro...
O certo é que havia uma guerra. E as guerras não são bonitas... e permitem tudo...
Bj Isa.
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