quinta-feira, março 31, 2011

Conselho irlandês sobre o FMI


Do jornal irlandês , "Sunday Independent" referido no "Diário Económico"

"Não quero intrometer-me mas tenho lido sobre vocês nos jornais e acho que estou em condições de vos dar alguns conselhos sobre o que têm pela frente". Assim se inicia uma carta assinada pelo colunista Brendan O'connor, publicada na primeira página da edição do último domingo do ‘Independent'.

"Sei que estão sob pressão para aceitar um resgate e que os vossos políticos dizem estar determinados em o recusar. Eles dirão que nem por cima dos seus cadáveres. Segundo a minha experiência isso significa que serão resgatados muito em breve, provavelmente a um domingo".

Brendan O'connor esclarece que resgatar e ajudar não são sinónimos. "Dado que o inglês é a vossa segunda língua, talvez possam pensar que as palavras ‘bailout' e ‘aid' significam que serão ajudados pelos nossos irmãos europeus para superar as dificuldades do presente". Na Irlanda, escreve, "o inglês é a nossa língua materna e era isso que nós pensávamos que ‘bailout' e ‘aid' significavam". No entanto, continua, "permitam-me que vos avise: esse ‘bailout' não vai resolver os vossos problemas, vai, provavelmente, arrastá-los para as gerações futuras".

A crise política portuguesa também não passou despercebida. "Também sei que vão trocar de governo nos próximos meses (...) Nós também mudámos de Governo e é uma boa diversão durante algumas semanas (...) Verão que o novo governo fará todo o tipo de promessas durante a campanha eleitoral", avisa.

O documento termina assim: "Portugal, aproveita enquanto podes porque a realidade estará à espera para irromper novamente quando toda a diversão desaparecer".

O texto foi extraído do "Diário Económico"

O texto original está referido no aqui


terça-feira, março 29, 2011

Pensões



De um comentário no Blog do Fresco e Fofo , surgiu-me um dado que já tinha ouvido falar na comunicação social mas que não tinha visto sob a forma de documento.

Pensão máxima em Espanha – 2.290,59€


Em Portugal não há um limite superior para as pensões. No entanto, o PSD, através de Passos Coelho, sugere agora o valor de 5030,64€… Mesmo que tal venha a ser um projecto de lei e que venha a ser aprovado, fica-se com um valor que superior ao dobro do de Espanha.

Não tenho nada contra as pensões altas. Tenho sim contra as pensões baixas… e se não houver outra forma de resolver o problema (e parece que não há, já que em 2040 as pensões terão um valor de cerca de 50% das actuais - partindo do princípio de que ainda existem…), será mais fácil uma pessoa que iria viver com 5030€, habituar-se à ideia de que terá, um dia, que vir a viver com 2290€ (e se terá direito a este valor, provavelmente terá salários de onde mais facilmente poderá fazer um aforro).
Isto para que ninguém tenha de viver com menos de 300€…

Eu percebo que colocar o limite nos 2290€ e não nos 5030€ será uma medida impopular entre os que vão perder valor na pensão. Então, mas que fazer com aqueles que recebem apenas 300€? A Espanha poderá ser também exemplo para coisas “boas”, não só para ventos e casamentos…

P.S. Hummm… como é que eu viveria com 300€, aí com uns 70 anos, tendo de comer, pagar água, luz, gás, eventualmente telefone… e a tomar medicamentos???

sábado, março 26, 2011

Demência

O homem está a ficar com um síndrome demencial. Será que ninguém lhe disse, de modo a tentar uma terapêutica?

quinta-feira, março 24, 2011

Brincadeiras de criança

Quando era miúdo, não era muito de sair de casa. Mas quando saía com os amigos, jogava à bola, hóquei em campo, por vezes xadrez em cima dos capôs dos carros.

As coisas estão diferentes.

Muito.

terça-feira, março 22, 2011

Unlike.



Quero fazer uma declaração de interesse. Sou contra a mentira. Por isso, sou contra o coronel Kadafi. Mas também, por isso, não sou a favor do ocidente que o apoiou. Acho que, não havendo alternativa, o ataque à Líbia só foi desadequado porque tardio. E… muitas guerras começam porque não se tomaram medidas mais cedo.

Custos
Vou apenas avaliar o custo do material de guerra utilizado nestes 3 dias. Não as vidas perdidas, cujo preço não consigo contabilizar.

Base da despesa
Aviões franceses e britânicos, bem como a marinha dos EUA e do Reino Unido, atacaram a Líbia no cumprimento da resolução das Nações Unidas. A Itália disponibilizou bases aéreas. (1), (2)

O Canada disse que apoiaria a operação mas que precisava de dois dias para se preparar. (3). A Dinamarca enviou seis aviões F-16. Aviões militares italianos colocaram-se a sul de Itália e têm sobrevoado a Líbia em missões de vigilância. (4), (5)

As marinhas britânica e americana lançaram 112 mísseis Tomahawk (6), (7)
Um avião americano F 15 caiu hoje. (8)

Uma estimativa dos preços do material utilizado…

Material utilizado pelos franceses (9), (10)

8 aviões Rafale (64.000.000€ cada) (11)
2 aviões Mirage 2000-D e 2 aviões Mirage 2000-5 (16.560.000€ cada) (12)
6 aviões de reabastecimento C 135 (28.512.000€ cada) (13)
1 avião E3F Awacs (preço estimado 130.000.000€) (14)

Material utilizado pelos britânicos

1 Submarino Classe Royal Navy Trafalgar – 182.400.000 € (preço de 1984) (15)
Mísseis Tomahawk (746.500 € cada) (16), (17)

Material utilizado pelos americanos (18)

Destroyer USS Stout (preço aproximado de cada Destroyer da classe Arleigh Burke - 1.352.160.000€) (19)
Destroyer USS Barry (preço aproximado de cada - 1.352.160.000€) (19)
Submarino USS Providence (não consegui os preços, mas cada submarino português da classe Tridente custou 500.000.000€)
Submarino USS Scranton
Submarino USS Florida
Aviões F 15 (cerca de 20.100.000€ cada) (20)
Mísseis Tomahawk (746.500 € cada) (16), (17)

Combustível

Os três aviões que partiram da Grã Bretanha para bombardear a Líbia gastaram cerca de 684.000€ em combustível. Apesar de partirem de mais perto, dá para ter uma ideia do que gastarão os Franceses a partir do sul de França e da Itália, os Dinamarqueses que partem do sul de Itália mas que tiveram de vir da Dinamarca, os italianos, a partir do sul de Itália, os americanos, a partir dos navios do Mediterrâneo, mas que por sua vez não se encontravam todos no Mediterrâneo há cerca de um mês. (21)

Custo do material já “consumido” pelas forças atacantes (excluo combustível dos navios e aviões; incluo o dos 3 britânicos, para os quais encontrei uma referência; excluo munições para além dos Tomahawk; não é incluído o custo com despesas de pessoal nem com manutenção de material).

Combustível dos 3 aviões britânicos que voaram do Reino Unido - 684.000€
110 mísseis Tomahawk – 83.608.000€
Avião F 15 – 20.088.000€

Total do que é fácil contabilizar de acordo com as notícias - 102.887.000€

Só posso imaginar as perdas do lado líbio (edifícios, aviões, blindados, cisternas de combustível, interrupção de serviços...).

Alimentar uma criança em África custava 19 cêntimos americanos por dia (14 cêntimos do €) em 2008. (22).

As coisas não são assim tão simples, eu sei…

Mas não podemos estranhar o ódio que as nações não ocidentais em geral nos têm…

sexta-feira, março 18, 2011

Escrever direito por linhas tortas.


Na Suméria, a profissão de escriba era uma profissão reconhecida e bem paga. E só quem tivesse capacidade económica para a estudar até ao final da adolescência poderia almejar o título. Assim, os escribas eram filhos de gente mais abastada (embaixadores, administradores de templos, sacerdotes, oficiais, capitães de navios, escribas…).

Um texto interessantíssimo da altura conta-nos a história de um estudante que, depois de ter sido várias vezes castigado pelo professor (por incompetência na escrita), sugeriu ao pai que o convidasse a sua casa para lhe “adoçar a boca”.


O seguinte texto tem 4000 anos:

“…Convidaram o professor da escola e, quando este entrou em casa, obrigaram-no a sentar-se no lugar de honra. O aluno serviu-o e rodeou-o de atenções …”
O pai ofereceu vinho ao professor e presenteou-o. “Vestiu-o com um fato novo, deu-lhe um presente, meteu-lhe um anel no dedo”.

Animado por esta generosidade, o mestre reconforta o aspirante a escriba em termos poéticos:

“Jovem, porque não desdenhastes as minhas palavra […] podereis atingir o apogeu da arte do escriba, podeis a ele ascender plenamente […] Dos vossos irmãos podereis ser o guia, de vossos amigos o chefe; podereis atingir a mais alta posição entre os estudantes […] Vós cumpristes bem as vossas tarefas escolares, tornastes-vos um homem de saber”.

Por vezes tenho as minhas dúvidas acerca da Teoria da Evolução de Darwin…

Referência
Samuel Noah Kramer, A História Começa na Suméria, pp 34-35 Forum de História, Publicações Europa América, 1997

Livro referido, na Fnac

sábado, março 12, 2011

O sol e o comportamento humano

Foto Daqui

O sol tem ciclos de cerca de 11 anos. No início de cada ciclo, o sol apresenta menos manchas solares e emite menos radiação. Estas vão aumentando até um máximo que surge aproximadamente a meio do ciclo, começando então a redução dessa emissão até ser atingido um mínimo aos 11 anos. Estes ciclos podem durar um pouco mais do que os 11 anos, sendo que o último vai nos 14 (já deveria ter começado um novo no início de 2008).

Há uma relação directa entre a actividade solar e a actividade económica. A crise que estamos a atravessar poderá estar associada a uma actividade solar mínima que se está a manter por 3 anos quando se deveria ter mantido apenas alguns meses.

Há uma boa notícia: o sol está a recomeçar a sua actividade. E, se tudo suceder como é hábito, recomeçará a retoma económica.

Há uma má notícia: os cientistas prevêem um aumento rápido e intenso dessa actividade. Demasiado rápido e demasiado intenso. A ponto de poder desestabilizar e mesmo destruir aparelhos electrónicos, incluindo satélites.

Bem… a economia deveria dar um pulo agora que o sol recomeça a sua actividade. No entanto, devido ao aumento súbito e intenso da actividade, esperar-se-ia primeiro uma guerra. E só depois uma verdadeira recuperação económica. Parece haver uma relação directa entre a existência de guerras generalizadas e a formação súbita ou o desaparecimento súbito de manchas solares.

Não, não estou a brincar. Estou a basear-me nos ciclos solares anteriores e nas ideias de economistas e físicos que avaliam estes ciclos e que inclusive apresentam os seus pontos de vista na CNBC.

Referências

Solar Cycle and Wars
Sunspots and Human Behavior
Did Sunspot Forces Cause the Great Depression?
Correlations for number of sunspots, unemployment rate, and suicide mortality in Japan
Space Storms Affect Life on Earth

Há sempre um PEC pior do que o nosso...



Desejando que a coisa não se repita (para os japoneses nem para ninguém) e que se consiga resolver tudo pelo melhor.

quarta-feira, março 09, 2011

sábado, março 05, 2011

A imaginação na notícia



Em 1993, Kevin Carter fez, no Sudão, a foto que lhe viria a custar a vida. A opinião pública crucificou Kevin Carter, mas passados 18 anos sabe-se que a criança que parece estar prestes a ser atacada pelo abutre sobreviveu à fome e à guerra no Sudão.
A opinião pública apressou-se a julgar e a condenar sumariamente a alegada frieza com que teria agido Kevin Carter, considerando que o fotógrafo poderia, e deveria, ter feito alguma coisa para salvar a criança. O fotógrafo sucumbiu ao arrependimento e suicidou-se.
Então e a ligeireza dos que o condenaram sem sequer saberem o que tinha sucedido à criança?
Independentemente da ajuda que Kevin poderia ter prestado à criança, aqueles que o julgaram não quiseram saber do que tinha sucedido depois. A criança estava num campo de refugiados sob a alçada da ONU. Estava diagnosticada como gravemente subnutrida e estava num programa de tratamento. Sobreviveu.
Os portadores de más noticias não têm necessariamente de ser os responsáveis pelas más notícias… e mesmo aquilo que parece ser uma má notícia deve ser tratado como algo de temporário que há que seguir, não podendo estar apenas dependente da nossa imaginação.

Notícia do JN